No ano de 2077, a humanidade descobre no planeta Vénus destroços de uma nave espacial capaz de viajar a uma velocidade superior à da luz, deixada para trás por uma raça extra-terrestre, os Heechee, e que era tecnologicamente muito avançada. Este achado é pouco tempo depois seguido pela descoberta de uma enorme estação espacial abandonada, posicionada entre os planetas Vénus e Mercúrio. Esta estação tem o nome de Gateway.
Avancemos rapidamente 25 anos. Estamos agora em 2102 e a estação Gateway está sob controlo de uma grande corporação chamada Gateway Enterprises. Da estação Gateway são enviadas naves Heechee, com uma tripulação dos chamados "prospectores", para explorar o espaço e, com um pouco de sorte, encontrar e trazer preciosos artefactos dos Heechee. Devido ao facto de os humanos ainda não terem compreendido completamente o sistema de navegação das naves Heechee, cada missão é extremamente arriscada, e a maioria dos tripulantes não chega a regressar, mas os que regressam rapidamente ficam ricos.
E agora adivinhem: vocês são o mais novo prospector e a vossa missão é obter fortuna e glória. É claro que rapidamente vos será apresentado um novo objectivo, o de salvar a humanidade da destruição que se avizinha (o que não é contraditório do vosso primeiro objectivo, já que o resultado final de salvar a humanidade da destruição será a fortuna e a glória).
Frederick Pohl's Gateway é uma aventura de texto que a equipa simpática da Legend Ent. tão magnificamente criou. Foi feito em 1992, baseado nos livros de Frederick Pohl, e apesar de o enredo poder parecer "cliché", ele não é na verdade muito mau quando se começa a apanhar o fio da história. O facto de se estar a jogar no papel de um prospector quer dizer que se terá a oportunidade de se visitar muitos e diferentes planetas, oferecendo cada o seu conjunto de quebra-cabeças.
O jogo tem um interface semelhante a Eric the Unready e aos jogos da série Spellcasting, que no fundo o torna diferente da maioria dos outros jogos de aventuras em texto em dois aspectos:
1 - Não é preciso escrever. O interface tem duas listas, uma com verbos e outra com nomes, e podem-se combinar duas palavras fazendo-se clique sobre elas, formando-se assim frases, sem nunca ser preciso escrever uma palavra. A opção de escrever ou fazer clique sobre as palavras para prosseguirem o vosso caminho no jogo é vossa, mas independentemente da vossa escolha, as listas dão-vos uma boa perspectiva sobre "como" e com "o quê" podem interagir (e sobre a ortografia dessas palavras).
2 - O jogo tem gráficos. Isto pode parecer-vos um pouco estranho uma vez que é um jogo de texto, mas os gráficos não são nada mais que imagens dos locais onde o vosso personagem estiver. Ainda assim não são más, e conseguem fazer muito no sentido de criar ambiente ao jogo e dão uma boa impressão dos locais por onde se está. Pode-se também interagir directamente com os gráficos, se aquilo com que querem interagir estiver visível. Haverão também algumas cenas intermédias com gráficos ainda mais bonitos para contar determinados pormenores à medida que a história progride. Alguns de vós irão possivelmente queixar-se por os gráficos serem estáticos, enquanto que os mais optimistas dirão que esses gráficos na verdade são bem impressionantes para um jogo que, directamente falando, não precisa de gráficos.
Sobre a música, no entanto, não haverá muito a dizer, e vocês irão provavelmente desligá-la quando ela vos começar a aborrecer. Em alguns locais em particular, trilhas com sons desportivos irão fazer-vos correr para o botão do volume e baixá-lo antes de perderem a vossa sanidade.
E para quase concluir este texto, resta ainda dizer que este jogo tem uma coisa que o coloca como um clássico entre os jogos de aventuras: tem puzzles. Cada um e todos eles são quebra-cabeças lógicos e não serão difíceis de resolver se prestarem atenção às dicas que vos vão sendo dadas durante o jogo. Terão, no entanto, de prestar muita atenção pois nunca saberão quando uma pequena e aparentemente insignificante informação poderá ser útil mais tarde. Alguns dos puzzles até têm mais que uma solução, com as respectivas consequências em função das escolhas que se fazem.
O jogo tem um relógio, o que quer dizer que cada vez que executarem uma acção, passa um minuto. Isto não constitui nenhum impedimento na maioria das vezes, já que terão muito tempo para explorar à vossa vontade, mas em alguns casos um minuto pode fazer a diferença entre a "vida" e a "morte", portanto não se esqueçam de gravar de vez em quando. Falando de tempo, também, o jogo parece ser um pouco curto, e fica-se com a sensação de que termina muito depressa.
Para terminar, este é um grande jogo, que não deve ser perdido por aqueles que são fãs dos jogos de aventura. Já não os fazem como antigamente. Eu atribuo-lhe a nota de quatro num máximo de cinco, sendo o último ponto retirado por causa da música e por o jogo acabar muito depressa. Divirtam-se com ele!
NOTAS TÉCNICAS:
Nenhuma! Consegui correr este jogo na perfeição tanto no Windows XP, como com o DOSBOx e com o VDMSound. Uma pequena nota que alguns de vocês podem achar útil é que devem escrever "save" para gravarem o vosso jogo e "restore" para o carregarem.