RoboCop. Parte homem. Parte maquina. Tudo em gráficos EGA.
Objectivamente falando, RoboCop é um jogo de "tiros" em plataformas bastante medíocre para o seu tempo, com um enredo de ficção cientifica. A fórmula usada para contar a história é muito ao jeito de Shinobi, Double Dragon, ou outro do sem numero de jogos com histórias temáticas dessa altura. Joga-se um nível, derrota-se o "boss", obtém-se mais um pedaço da história e repete-se este processo até ao fim. Para quem gosta deste tipo de coisas ou gosta de histórias futuristas com heróis ciborgues, RoboCop pode ser o seu jogo favorito.
O outro aspecto de RoboCop é que se trata de um jogo baseado num filme. Os jogos baseados em "rótulos da moda" têm tendência a serem maus, mas com uma boa razão. Na maioria das vezes a "tradução" de um filme para um jogo significa distorcer o material original para que este se adeqúe ao género de jogos existentes tendo como causa a sua "condenação à morte" pelos que imediatamente vão dizer "isso nunca aconteceu no filme", ou então o material original é mantido a todo o custo sendo condenada a sofrer tremendamente a jogabilidade. No cenário do que pior pode acontecer, temos E.T. para o Atari 2600 no qual ambos, a jogabilidade e a história foram sacrificadas no altar da "divindade diabólica de "Makeabuck" (GanharMaisUnsTrocos). Eu percebo por que é que aqueles que foram apanhados desprevenidos e pagaram por esse jogo constam nas listas sob o título de "vitimas".
Portanto, acontece que RoboCop - o jogo - foi recebido com uma calorosa recepção. Claro, RoboCop parecia o candidato ideal para um "transplante" da tela para os jogos de vídeo, mas isso já tinha falhado antes (alguém se lembra de Tron?). No entanto, do modo como as coisas foram feitas, RoboCop tinha duas coisas a seu favor. Primeiro, e como já mencionado antes, um personagem de acção futurista protagonizado por um ciborgue armado é sempre perfeito para um jogo de vídeo. Segundo, muito do público a que se destinava o jogo, e que eram os adolescentes do sexo masculino, na verdade não tinham visto o filme porque este era para "Maiores de 16", o que lhes barrou a entrada. É claro que eles podiam entrar às escondidas, mas isso acontecia muito menos vezes do que aquelas que eu gostaria de me lembrar.
Portanto, com a excitação das apresentações embora sem grandes prefixos, o jogo RoboCop só tinha de apresentar dois elementos para ser bem sucedido: acção e personagens do filme vistos nas apresentações. E o jogo apresentou-os? Sim, apresentou.
E agora as más notícias. RoboCop é incrivelmente difícil de bater sobretudo à custa de um pequeno pormenor que é o facto do "upgrade" cibernético de Murphy não incluir um "upgrade" às suas pernas. O RoboCop move-se bastante lentamente e salta pessimamente. Evitar as balas exige muita prática e um barril de sorte. Derrotar o "boss" geralmente significa levar muita "porrada", mas desde que reste um pingo de "vitalidade", no nível seguinte começa-se com um ciborgue "como novo". Lutar contra os "boss", especialmente o primeiro, resume-se a posicionar o personagem num sítio onde ele pode disparar contra os adversários antes de eles entrarem no ecrã e de premir a tecla de disparo mais rápido. Quando se consegue fazer as "vidas" durarem mais conseguir-se-ão uns upgrades de armas muito bons que podem ser usados até se terem gasto todas as suas munições; neste se inclui o meu favorito, o lança-bolas de fogo.
Para abreviar, controlos difíceis, "beeps" e "boops" para os sons, mas uma conversão decente de um filme para um jogo para a época em que foi feito; eu diria que RoboCop merece que lhe dêem uma olhadela e atribuo-lhe um 3.
NOTA TÉCNICA
Escolham a opção "Tandy Sound" ou o jogo irá bloquear no DOSBox. Se quiserem mesmo ouvir os sons no jogo precisarão de fazer uma modificação no ficheiro de configuração do DOSBox (dosbox.conf) para que a opção "tandy = true" fique activada nas opções de som.