Primeiro que tudo, The Legacy: Realms of Terror é um jogo difícil. É tão difícil que tu provavelmente irás querer desistir depois de o jogares durante algum tempo. Para dizer a verdade, se estiveres à procura de um jogo de acção divertido, evita este jogo. Xôo, vai-te embora! No entanto se lhe deres uma oportunidade, The Legacy: Realms of Terror acaba por se tornar num jogo desafiador com um enredo decente e muita tensão.
Começa de uma maneira muito simples: tu herdaste uma enorme mansão, o dono anterior da qual morreu em circunstâncias muito misteriosas. Momentos depois de entrares na casa, a porta da frente fica trancada atrás de ti. Um riso cínico envia-te arrepios pela espinha abaixo.
Durante o jogo, esta história inconsistente desenvolve-se para um ardente enredo de horror-mistério com alguns desenvolvimentos interessantes. Não irás conhecer muitos outros personagens (humanos), mas por toda a casa folhas soltas de um diário trazem alguma luz ao que aconteceu antes da tua chegada. Depressa irás perceber que alguma coisa está mal na casa de The Legacy - o legado!
Enquanto investigas o grande número de divisões que te irão aparecer pelo caminho, irás descobrir objectos estranhos e umas quantas armas. E faz a ti próprio um favor a perde algum tempo a experimentá-las, pois logo irás descobrir que os corredores estão infestados com todos os tipos de seres sobrenaturais prontos a chacinar-te. Dave Ellis que é o autor do "Guia do Jogador" e faz parte da Equipa de Garantia de Qualidade da Microprose assegura-nos que: "The Legacy não é um jogo de combate. É um jogo de habilidade e resolução e quebra-cabeças."
Tu começas o jogo com a escolha de um entre os oito personagens, com o qual irás jogar. Há muitas habilidades e aptidões diferentes, portanto olha-os com atenção antes de escolheres. Também irás notar que alguns desses personagens têm capacidades mágicas. O meu conselho é que escolhas um desses personagens no teu primeiro jogo! A maioria das capacidades pode ser melhorada ao modo de um RPG standard, ou seja "matando coisas"!
O interface do jogo é um pouco grosseiro e certamente não é a sua melhor característica. Mas irás acostumar-te a ele depois de algum tempo. O ecrã principal está dividido em quatro janelas (ou cinco, se o personagem que escolheste souber magia):
1 - A vista do personagem, na qual os ecrãs da tua "saúde", inventário e habilidades/feitiços podem ser apresentados.
2 - A vista do mapa está por debaixo da vista do personagem e mostra as divisões da casa que já visitaste.
3 - A janela de mensagens está ao lado da do mapa e mostra as descrições dos objectos e as mensagens dos combates e permite que se volte para trás umas linhas.
4 - A janela através da qual verás o jogo. Infelizmente com todas as outras janelas que existem, esta acaba por ficar demasiado pequena, mas podes no entanto redimensionar e mover todas essas janelas e até mesmo gravar a tua configuração favorita.
Apesar do interface um pouco desinspirado, o jogo é muito jogável e o combate é muito directo. Tu tens duas mãos, portanto agarra numa arma (uma garrafa, um atiçador da lareira ou um revólver Smith&Wesson) e rebenta com essa escumalha de zombies directo para o inferno! Podes demorar alguns segundos a apontar a arma, mas os teus adversários não irão esperar até estares pronto e irão começar a trincar-te as pernas logo de seguida. Se o teu personagem conseguir fazer magia, terás de manter uma mão livre para segurares o teu livro de feitiços. Uma vez que faças isso, os teus feitiços irão aparecer como botões numa janela ainda mais pequena. Há uma boa quantidade de feitiços que vão desde bolas de fogo ofensivas, a feitiços de cura e até teleportação. Terás de "recarregar" os teus poderes mágicos de vez em quando, usando pedras-runa especiais que estarão disponíveis em muitos lugares da casa. Novos feitiços podem ser aprendidos durante o decorrer do jogo através da leitura de livros que se podem encontrar espalhados pela casa.
Há muitas, muitas, mas mesmo muitas criaturas que se irão cruzar no teu caminho e não serão fáceis de "matar"! Isto torna o jogo mesmo muito difícil. Na verdade não é preciso matares tudo o que te aparece pela frente. A maioria das vezes há meios de evitar o combate. Por exemplo: quando seguras no "Magic JuJu", os zombies do primeiro andar não te atacarão! Uma vez que descubras como algumas dessas coisas funcionam, o jogo irá tornar-se mais agradável. Os quebra-cabeças do jogo são de médio a difícil e quase insolúveis se não leres todos os pedaços de papel e todas as placas nas paredes! Para te conseguir manter a "andar": há uma sala adjacente àquela onde inicias o jogo, onde estará uma mala. Apanha-a para aumentares o tamanho do teu inventário. Podes também usar a mala para bateres no teu adversário :)
Os gráficos de Legacy são razoavelmente bons, embora às vezes uma grande quantidade de divisões parecem muito parecidas umas com as outras. Um outro contra é que a janela de vista é muito pequena por causa de todas as outras janelas, mas como as podes redimensionar de acordo com as tuas necessidade, podes melhorar isso um pouco. As pequenas animações do jogo são boas e contribuem para dar atmosfera. A música de fundo não é nada de especial mas é suficientemente boa e os efeitos sonoros são suportáveis.
Para resumir, este jogo irá trazer-te muita diversão depois de teres praticado um pouco, e irás demorar muito, muito, muito, mas mesmo muito tempo até o conseguires terminar (ainda não o consegui fazer, para dizer a verdade) já que a casa é enorme. No entanto há muitos locais interessantes para tu visitares.
Nota final: 4 num máximo de 5.
Notas técnicas:
Eu consegui correr o jogo com som usando o VDMSound (com música "Adlib" e efeitos sonoros "SoundBlaster") e também no DOSBox (no qual o meu rato ficou muito lento). Quando usares o VDMSound, ajusta os valores de XMS e EMS para 16 MB em cada um destes parâmetros no selector de compatibilidade e deixa as outras opções "des-seleccionadas".
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